Hoje
Hoje, dia normal,
Piloto automático acionado
A comandar a calmaria abissal.
Chove e o tempo fica parado,
O sol aparece, mas não aquece,
O tédio reina e a tudo empobrece.
Mas eis que ao desacelerar
Me surge uma ínfima novidade:
Uma nesga de luz vem meu dia iluminar,
Vem colorir nova e gradualmente, toda cidade.
Vem perfumar minha emoção
E extasiar meu coração
É você doce Senhora...
A me salvar da tristeza do infinito
A expulsar o tédio tetro e maldito
E que, os meus mais íntimos domínios, melhora.
Com tua voz majestosa
E teu olhar inefável, beleza radiosa,
Me mostra que o que é de sempre
Não é o mesmo que o de todo dia.
A cada novo instante
Algo novo está nascendo
Cada segundo é mais que figurante,
É a sombra e a luz de algo acontecendo.
És tu Senhora, “dádiva da vida”,
Que todos chamam de presente
E que o tédio insiste em obsidiar.
Adornada com sonhos, és mais que querida,
Que repousas nas horas como bela semente
Perfumada com as ideias que estão no ar.
Esconde-te nas sombras das horas,
E só os breves segundos te podem mirar.
Em toda sua sutileza e fidalguia
Mostras tua face também àquele
Que os próprios gritos pretéritos e,
Do amanhã, seus agitos, é capaz de silenciar.
Brilhe em meu coração
Com teu lume sensível.
Deixe-me ouvir tua canção
Que à audição normal se faz inaudível...
Sinta o sonho meu que exalo no ar,
Ouça meu mudo canto a te louvar
E me presentei sempre com tua alva luz.
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