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Este é um espaço dedicado à exposição e divulgação de singelos poemas originários de um personagem fictício francês, inebriado de sonhos e embriagado com devaneios. O sobrenome de tal personagem é um trocadilho com a palavra "fantaisie" que significa devaneio em francês. Jacques é um aedo que teima em devanear por entre os não-lugares desse mundo, por sobre os valores há muito esquecidos e os sonhos que se encontram aturdidos nas malhas sócio-históricas nas quais nos encontramos. É um poeta de um mundo moderno que persiste em sua idealização idílica e fantasiosa, ora melancólica ora radiosa, sobre as intempéries do seu alucinante coração. Sem mais, espero que gostem, comentem, reclamem, sugiram e até corrijam alguns impropérios desse jovem velho cantor. Que o ar fantasiante de Jacques Fant'Aisier se faça presente a todos e que acima de tudo reine a esperança por entre a correria e pragmatismo do nosso real mundo humano. Abraços a todos os visitantes!!!

16 de dez. de 2011

Transcendência.



Transcendência

Imerso em meu mundo
Em meio ao turbilhão
Das águas turvas e túrgidas
De minhas emoções...

Nado num mar bravio
Lamacento e nauseabundo,
Mas respiro calmamente apesar
De tal universo imundo.

Busco traçar o caminho da lótus
Que da lama emerge à superfície
E se mostra alva e limpa e bela
Transcendendo à matérica imundície.

Medito pra ordenar
O caos das minha intempéries
Intempestivas, inenarráveis,
Humanas...

Uma luz branca me envolve
Me protege, me guia.
A calma e a paz me devolve.
Alvo lume que se irradia
Nessa lama escura, densa e fria.

E de repente,
Sorrateira e sutilmente,
Recebo a espiritual pureza
Da lótus mais que divina.

E meu corpo em estado
Alterado de consciência
Coberto de luz,

Vivencia uma divina complacência
Mais que real purificação,
Invade os poros e células,
Músculos, ossos e tendões.

A pureza translúcida
Derrama-se pelo aglomerado caótico
Dos inorgânicos pensamentos
E dos sentimentos dolosos reprimidos.

A luz se propaga
E dá-me a possibilidade
De perceber claramente
A luz e calor do meu privativo 
E peculiar oceano.

E tal qual solvente
Vai transmutando a densidade
Do barrento rio original.
Minh'alma se torna repleta
De inefável contentamento

Por fim, 
Quando de olhos bem abertos.
Já não sei se o que vivi
Era um sonho real em sensação
Ou se a realidade retirou seu véu
Pelo via do devaneio que construí.

Sendo sonho ou realidade
Seu efeito está inscrito em mim:
Energiza e potencializa
Minha semente criativa.

Ali onde teu olhar falha
Inicia-se como fogo
Em verso e rima, a minha fala...

Algo de vaporoso
Que busca a concretude da língua
Ali onde se dissolve
Em lágrimas e sangue
Um sentimento qualquer.

Teu soneto febril
De mulher viva encarnada
A quadratura sagrada feminil
Em estrofes trinas volatizadas.

Perco-me no ar
Dos pensamentos inauditos
Visto-me de pássaro a plainar
No palco etéreo do contentamento.

Meu olhar te faz real
Nas telas do desejo
E nas grades das saudade
Me faço prisioneiro anormal:

Acorrentado à tua imagem
Não por medo ou rigor,
Mas por paixão e vontade.