Quem sou eu

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Este é um espaço dedicado à exposição e divulgação de singelos poemas originários de um personagem fictício francês, inebriado de sonhos e embriagado com devaneios. O sobrenome de tal personagem é um trocadilho com a palavra "fantaisie" que significa devaneio em francês. Jacques é um aedo que teima em devanear por entre os não-lugares desse mundo, por sobre os valores há muito esquecidos e os sonhos que se encontram aturdidos nas malhas sócio-históricas nas quais nos encontramos. É um poeta de um mundo moderno que persiste em sua idealização idílica e fantasiosa, ora melancólica ora radiosa, sobre as intempéries do seu alucinante coração. Sem mais, espero que gostem, comentem, reclamem, sugiram e até corrijam alguns impropérios desse jovem velho cantor. Que o ar fantasiante de Jacques Fant'Aisier se faça presente a todos e que acima de tudo reine a esperança por entre a correria e pragmatismo do nosso real mundo humano. Abraços a todos os visitantes!!!

29 de fev. de 2012

Folie d'amour...



Folie d'amour...

Em meus devaneios,
Isento de razão, contrario 
As leis do tempo e do espaço...

E mais de um crime
Cometo nesse ato
Ilícito, tradicional,
Em passional motivação.

E deturpo as regras de Chronos
Declaro ignóbil Descartes!
Ao tornar aeternu no presente meu
O passado em que estamos a sós...

Eu elejo primordial Kairós
E a todo instante só vejo 
No tempo, o potencial e a eternidade
Da oportunidade de, em meus braços, tê-la.

Em cenas gravadas na memória
Dos mais despudorados "amassos"
Dos quais os beijos são singelas pistas 
De mais que sutis encontros:
Ausências de fôlegos e o florescer 
Dos mais ardentes e sensuais desejos.

E meu foco se perde
Por longos, intermináveis, instantes...
Minha atenção se evanesce
Numa frequência constante.

E recrio nossos laços
Em íntimos contatos
Proibidos ao público.

Onde o desejo impõe sua lei
E toda razão embriagada
Repousa abstinente
Sem minha dose de você.

Quimicamente dependente,
Psicopatologicamente
Diagnosticado paciente do
"Estado de loucura de amor" 

"Folie d'amour" 
A transtornar-me gravemente.
Aturdido pela flecha de Eros
Alucino, deliro e agonizo impaciente.

Vem! me livra dessa loucura
Me mostra que tal ardente ventura
É algo que comigo compartilhas,
Oh!  Inefável princesa do meu desejo.

Sede meu remédio a recompor-me a razão
E de tais sintomas vem promover a remissão,
Pois em ti florescem os ingredientes principais
 Do único solo que me acalma, reanima e me asila:
Teu coração! 

3 de fev. de 2012

Nau dos Insensatos

Nau dos Insensatos


 (Poema declamado no dia 03/02/2012
No "Corno Velho"  em celebração 
À turma de Psicologia 2011 
Com nome homônimo ao título)


É chegada a hora meu povo!
É chegada a hora!
Quebremos todos, a perna.

O tabuleiro está posto!
O rei foi deposto!
A nau que agora decolar
Ninguém governa!

Alvorecem-se todos!
A nau está a decolar
(Mas todos não deveriam se acalmar
Ou mesmo se segurar?)

Caro amigo a nau é dos insensatos
E nada nunca visto acontece por lá...
Se ligue que essa nau,
Em vez de reprimir a angústia,
A tripulação está a lhe alimentar.

São quatro seus tripulantes
Que já começam a vagar.
Catando uma vaga num mundo
Nem tão particular.

No momento são quatro novos tripulantes
Mas diria que nessa nau
Já tá ficando tão cheia 
Que há de um dia transbordar.
(cada um no seu quadrado! 
Cada um no seu quadrado!)

E é nessa nau,
Que em nome dos novos tripulantes,
Bato o sorvete na testa
E digo no meio dessa festa
Sou psicólogo e já começo a “psicologar”.

Dizem que só os loucos
Compreendem outros loucos
Cortando postes com colheres
Saltando o abismo urbano
Com feixes de luzes artificiais.

Reza a lenda bíblica
Que quem chamar seu irmão de louco
Terá um lugar reservado no inferno
Para na pós vida agonizar.

Me chamam de louco pela minha altivez,
Pela minha insensatez de levar o barco
Contra a corrente verdejante e romântica
Dos mais que concretos e antigos paradigmas.

Pois te digo:
Hei de cruzar o Estige
Resgatando os náufragos do Hades
Que estão a se autoflagelar.

Vou levando luzes coloridas
Fazendo carnavais de cores
Onde o tédio, o despudor,
O medo, a agonia crônica e a desgraça
Já fizeram sua morada.

Como todo bom marinheiro
Não abro mão do meu rum
E em meu desatino
Vou criando conexões
Tecendo velas de esperança
Ou desequilibrando certezas.

Embriagado de coragem
Vou jogando xadrez com as ilusões
E quem sabe um dia deságue
Em qualquer ilha de singular beleza.
(jogador bebo? Ou ganha porque é fodão
Ou vai perder pela distração)

A nau é dos insensatos
Dos que escolhem aventurar-se!
Que soltam amarras das precisões científicas
Incertas historicamente e que patinam
Nas estatísticas e metodologias rígidas e frígidas
Dos dias modernos capitais.
(Que doido isso! Paradoxal no mínimo)

A nau é dos insensatos
Dos que nadam em corrente contrária
À comum correnteza.
Dos que veem no absurdo
Uma inaudita e inefável beleza.

Desbravando mares nunca dantes navegados
Criticando todas as realidades possíveis
E impossíveis de serem palpáveis..
(cortem-lhe as cabeças!)

Rotterdã nos brinda com Elogio à loucura:
A loucura como os ditos sábios gregos a definem
Como emoção, oposto estoico da razão.

Sua companhia é um presente
Aos apaixonados, às crianças,
Aos idosos, ás mulheres...
(Em maior número,
Que assim seja!)

Loucura detesta os sábios
Arrogantes e ranzinzas que se arvoram
Na mais alta patente.
Que se julgam os mais sapientes, 
(mais sabidos que Deus),
Ou então seus mais sublimes assessores.
 (E quando acabar louco sou eu!)

Minha loucura é cruel
Contra estabilidades dolorosas,
Contra justiças desiguais,
Contra vaidade egoísta,
Contra aprisionamentos diversos.
(Carcará! Pega, “matá” e come!)

Até onde iremos caro insensato Aedo?
“Não sei!” não sou sábio!
Nada disso, (Eca!) Sou insensato!

Desbravo o improvável
Enfrento o hiato que se interpõe
Entre agenciamentos humanos
(Aliás, adoro um programa surgido na hora!
Vamos marcar um programinha?)

Programa do novo avesso às antecipações frias.
Sou quente, sou vivo, sou práxis, sou jovem
No espírito e na postura inquietante contra política
Revoltante dos rótulos e “encarceragens”.
(sou louco político, mas não cruel e desonesto!)

Navego em mares desarmônicos
Propício às intempéries impressionantes
De uma beleza sublime, ingênua, inefável,
Alegre, transcendente...

Ou de uma crueldade sutil,
Sorrateira, horripilante,
(De gelar a alma! UI!)

Arre! Estou farto de impropérios!
Não façamos como os sóbrios que quebram
Champanhe na nau a inaugurar!

Vamos beber a champanhe
E assoprar o leme pra que o vento nos leve
Pra um norte legal, fugindo da morte,
Da morte de qualquer nascente e singular ideal.

Todos a bordo!
Todos a bordo!
A nau está a partir!
Um brinde aos recentes tripulantes!
  
Bebamos à vida, à amizade,
À insensatez não por prisão
Mas por vontade.
A ressaca da vida oto dia enfrentamos!

Com as “pernas do teatro” quebradas,
Um binóculo infravermelho
E um hino do rock antigo
Mas de insensatez recente:
À balada dos loucos vamos
Cantar enquanto nos pomos a brindar!  

"Balada Do Louco"
                                   Os Mutantes

"Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz.
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz!

Se eles são bonitos, sou Alain Delon!
Se eles são famosos, sou Napoleão!

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz!

Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu!"

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