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Este é um espaço dedicado à exposição e divulgação de singelos poemas originários de um personagem fictício francês, inebriado de sonhos e embriagado com devaneios. O sobrenome de tal personagem é um trocadilho com a palavra "fantaisie" que significa devaneio em francês. Jacques é um aedo que teima em devanear por entre os não-lugares desse mundo, por sobre os valores há muito esquecidos e os sonhos que se encontram aturdidos nas malhas sócio-históricas nas quais nos encontramos. É um poeta de um mundo moderno que persiste em sua idealização idílica e fantasiosa, ora melancólica ora radiosa, sobre as intempéries do seu alucinante coração. Sem mais, espero que gostem, comentem, reclamem, sugiram e até corrijam alguns impropérios desse jovem velho cantor. Que o ar fantasiante de Jacques Fant'Aisier se faça presente a todos e que acima de tudo reine a esperança por entre a correria e pragmatismo do nosso real mundo humano. Abraços a todos os visitantes!!!

18 de jan. de 2012

Mais um momento...


Mais um momento...

Mais um momento de tristeza
dessas que se fazem insuportáveis
Em que as horas jazem infinitas, 
Incomensuráveis...

Onde a candura cede lugar
À ausência de lume
E um misto de sangue e fúria
Solidão, embotamento,
De um denso, frágil e tetro azedume.

Mais um momento em que o fim
Rouba toda a cena:
Em que o defeito altivo
Se faz cruel juiz supremo
E condena-me a uma pena
De solitário degredo e frustração.

Sou condenado a pagar
Com louros da alegria,
Com a feliz companhia,
Com as lembranças 
Mais que perfeitas
Que junto a ti 
Pudemos construir.

Meu desejo a desejar o teu
Frusta-se e morre
Desidratado de sonhos.

E como mais de um momento
Teve em seu introito um poema
Com um outro canto pusilânime
Há de esse momento finalizar.

Vai e segue teu caminho
Que há ainda muito que caminhar
O meu continuarei....sozinho
Mas não deixarei de caminhar.

Thanatos a vagar...


Thanatos a Vagar...

Ante o fantasma cruel e derradeiro,
O ceifeiro da vida com seu tetro manto,
Tremo de um frio que me congela a alma...

E fujo e escondo as faces amedrontadas
Com o vulto de tal figura indesejada e medonha
Que insiste em se fazer vislumbrar.

Meu coração parece esfriar no peito
Minhas mão suam mais que pano de cuscuz
Meu pulso tremula mais que uma bandeira
Sossobrando ao vento...

Um lamento, um triste desencantamento,
Rouba de minh'alma as taças transbordantes 
Da esperança.

E já, sem abrigo e sem destino,
Em pleno desatino,
Procuro tal criatura enfrentar.

Sei que um dia virás tomar meu corpo
Quando morto um dia eu vier repousar
Mas por hora decreto meu destino.
Sou eu da vida um errante, um peregrino,
Que vacila em seu caminhar.

E heis que negro vulto
Joga ao vento seu trajes pretos
Deixando à vista sua face tediante
E que, diante de tais impropérios,
Corou de espanto, um mero instante.

"Não sou arauto do nada
Nem tampouco sádico fogo
Que torna vapor e cinzas
O que dantes fora sólido.

Sou catalisador da metamorfose
Desmancho sólido no ar
Tornando matéria ilusória em sublime lume.
Transcendente, livre, sem sangue, suor ou denso volume.

Teu medo e tua discriminação
Tingem de aleatória e sem sentido,
Minha divina profissão.
Sou agente da natureza
Transformo matéria inerte
Em energia translúcida e luminosa.

Sou companheiro da vida
E da solidão.
Não é nada pessoal,
É só minha profissão.

Da passagem sou incumbido,
Não me angustio com gritos ou gemidos.
Sou só um ceifeiro que colhe o que plantaste
Em tua própria sorte para a festa
Do sublime e radiante universo."

Que interessante!
Nunca pensei por esse prisma,
Mas te digo mesmo assim
Que não é minha hora derradeira
Sei que você não ri, não brinca,
Afinal seu trabalho não é brincadeira.

"Não vim atrás de ti...ainda
Estava apenas a vagar para matar o tédio
E vi tua cara de espanto
Tua fuga, teu medo, teu pranto

Escutas o que digo sem assombro
Vá dormir teu sono da vida,
Planta harmonia e serás convidado pra festa
Do mestre de inúmeros nomes sublimes

Aproveite, aprenda o que puder
E gozas em teu sono de vida
Que à hora da festa farei o papel
Do teu amigo desperta-dor."