Quem sou eu

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Este é um espaço dedicado à exposição e divulgação de singelos poemas originários de um personagem fictício francês, inebriado de sonhos e embriagado com devaneios. O sobrenome de tal personagem é um trocadilho com a palavra "fantaisie" que significa devaneio em francês. Jacques é um aedo que teima em devanear por entre os não-lugares desse mundo, por sobre os valores há muito esquecidos e os sonhos que se encontram aturdidos nas malhas sócio-históricas nas quais nos encontramos. É um poeta de um mundo moderno que persiste em sua idealização idílica e fantasiosa, ora melancólica ora radiosa, sobre as intempéries do seu alucinante coração. Sem mais, espero que gostem, comentem, reclamem, sugiram e até corrijam alguns impropérios desse jovem velho cantor. Que o ar fantasiante de Jacques Fant'Aisier se faça presente a todos e que acima de tudo reine a esperança por entre a correria e pragmatismo do nosso real mundo humano. Abraços a todos os visitantes!!!

18 de mai. de 2011

Com o lume do meu sol...


Com o lume do meu sol...

Fugi antes de tentar
Parti antes de chegar
Ao local predeterminado...

Minados, orgulho e desejo,
Motivação, confiança, apego,
Repouso inerte em sombria covardia.

Lancei meu ego ao relento
Nas intempéries do tempo
Foi firmado meu próprio destino.

Quanta baboseira! Que real desatino!
Será que realmente acredito
Em tamanha falta de fé?

Quando foi que troquei
Autônomo suporte
Por devaneios e vagar a pé?

Mas quem sou eu
Pra decretar minha falência?
Quando consenti em vil anuência
Num compromisso no qual
Sou duplamente lesado?

Sou saber e loucura,
Sonho e desventura,
Amante, solitário e egoísta.
Sou aquele que parou na pista
Questionando-se sobre que caminho tomar.

E me faltou o ar em pura inércia
Minha força se esvaiu na linha de chegada
Mas o tempo teima em prosseguir
Sem que se me apresente um concreto fim.

Sou "amódio" ou será "odiamo",
Sou aquilo que escolhi ou o que me escolheu?
Oh! Poderoso self-made-man,
Senhor nascido de seu próprio desejo,

Por que teu sonho não me alcança,
Por que não consinto com tua sedutora dança
E me refaço, como mágico, príncipe dos indolentes?

Tu, que esqueceste o odor
Do ar que te rodeia,
Que te protege, no frio e na noite,

Do sol que te bronzeia
E que, nos arranha-céus do orgulho,
Ergueste tua morada...

Sem que tu as perceba
Em tuas frágeis alegrias
Tuas críticas nada edificantes
Tuas evanescentes fantasias...

Sorrateiramente te espreitas
Preocupações e agonias,
Drogadições, melancolias,
Que te visitam quando deitas...

Abre teus olhos
Triste, frágil e débil passageiro.
Aviste o oceano de possibilidades
Que se apresenta a ti...

Nade mesmo ao som
De turbulentas tempestades
Até a praia do teu próprio silêncio.

E quando enfim o mundo teu
Vier a se tornar sem graça, mudo, caduco
E a realidade se apresente a ti
Sem seu ilusório véu...

Possa eu efetivamente,
Cônscio, mesmo que minimamente,
Te dizer que escolhi ser muito mais
Do que o que outrora nos restou.

E em minha lenta,
Ínfima e íntima metamorfose,
Que eu possa numa manhã qualquer cinza...
Reflorestar com mil cores o mundo
Com o lume do meu próprio sol:
Colorido, ilusório, simplório, adormecido...

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