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Este é um espaço dedicado à exposição e divulgação de singelos poemas originários de um personagem fictício francês, inebriado de sonhos e embriagado com devaneios. O sobrenome de tal personagem é um trocadilho com a palavra "fantaisie" que significa devaneio em francês. Jacques é um aedo que teima em devanear por entre os não-lugares desse mundo, por sobre os valores há muito esquecidos e os sonhos que se encontram aturdidos nas malhas sócio-históricas nas quais nos encontramos. É um poeta de um mundo moderno que persiste em sua idealização idílica e fantasiosa, ora melancólica ora radiosa, sobre as intempéries do seu alucinante coração. Sem mais, espero que gostem, comentem, reclamem, sugiram e até corrijam alguns impropérios desse jovem velho cantor. Que o ar fantasiante de Jacques Fant'Aisier se faça presente a todos e que acima de tudo reine a esperança por entre a correria e pragmatismo do nosso real mundo humano. Abraços a todos os visitantes!!!

31 de jul. de 2011

Parece-me...Será?



Parece-me...Será?

Parece-me que já não sou mais,
Hodierne, quem eu costumava ser!
Estou mais crítico, mais ácido, mais velho!

Parece-me que os anos me trouxeram,
Em seu bojo, cargas de responsabilidades demais
E evitei o curso do rio prostrando-me
Na margem oposta à das corredeiras.

E cravei-me no chão feito árvore antiga
Cultivei em sofreguidão uma antiga ferida
E fiz de mim uma sombra dos sonhos passados
Claudicando em minha luta para não sofrer.

E sofro antes, à beira da inércia,
E canto, ignóbio, 
Músicas tradicionais da Pérsia;
Buscando enfim, um sentido sublime
E um norte mais que real...

Mas o que sou e o que me tornei, por fim,
São sintonias do que outrora plantei
São frutos dos sonhos que mortifiquei
Fazendo do futuro uma estrada de tijolos
Frágeis e sujos e débeis, um a um...

Será que estou na contramão social
Ou mesmo em algum beco sem saída?
Será que já dei o aceno de despedida
Tendo ainda o filme inteiro por desenrolar?

Meu desejo de te ver
Enevoado pelo medo
De me fazer, a ti, parecer
Um mero bobo da corte.

De me fazer de tolo
Ao convidá-la para sair
De me contentar com alguma desculpa
Ao invés de apostar que te farei sorrir.

Talvez eu já seja mesmo idiota
Por titubear em te ligar
E com um parcos receios me paralisar
E abortar o que poderia ser
Uma noite mais que divertida.

E se meu sonho não virar realidade
E se você simplesmente não tiver vontade
De, comigo por instantes, caminhar?

Será que você pensa em mim
Em repartir comigo 
Alguns breves momentos?
Será que guardas, em secreto, 
O desejo de se surpreender
Com o que oculto de todos 
E para ti farei replandescer?

Ou serão apenas devaneios meus?
Só saberei, enfim, se puder conceder ao meu desejo
A oportunidade de se realizar ou de, por fim,
Facear uma dura, triste e sólida realidade.

Olho para a noite com negras lentes
Cego meu coração para emoções futuras
Que contigo poderia partilhar.
E em minha alcova repouso, 
Por fim, descrente...

Me dedico a criar meiga 
E singela canção. E meu solitário sonho 
Perdura pela noite ideal na qual o real
Parece-me não ter, 
Na casa do meu prazer,
O seu próprio e sólido lugar.

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