Quem sou eu

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Este é um espaço dedicado à exposição e divulgação de singelos poemas originários de um personagem fictício francês, inebriado de sonhos e embriagado com devaneios. O sobrenome de tal personagem é um trocadilho com a palavra "fantaisie" que significa devaneio em francês. Jacques é um aedo que teima em devanear por entre os não-lugares desse mundo, por sobre os valores há muito esquecidos e os sonhos que se encontram aturdidos nas malhas sócio-históricas nas quais nos encontramos. É um poeta de um mundo moderno que persiste em sua idealização idílica e fantasiosa, ora melancólica ora radiosa, sobre as intempéries do seu alucinante coração. Sem mais, espero que gostem, comentem, reclamem, sugiram e até corrijam alguns impropérios desse jovem velho cantor. Que o ar fantasiante de Jacques Fant'Aisier se faça presente a todos e que acima de tudo reine a esperança por entre a correria e pragmatismo do nosso real mundo humano. Abraços a todos os visitantes!!!

10 de set. de 2011

Tarde Cinzenta.




Tarde cinzenta

Deixa eu ver se entendi!
É pra te mostrar meu mundo
Mas depois, ao seu desejo,
Devo deixá-la, sozinha, partir?

Meu calor, minha cor.
Meu verniz e minha coleção
De pequenos abajures
E caquéticos murais...

Minhas cicatrizes
Que ganhei nas lutas mais desiguais.
Meus sorrisos
Que inventei no seio de qualquer ilusão?

Agora quem não entende sou eu!
Como posso eu agir assim:
Quando desejas meu coração
Encontras a mais eterna inércia
Do meu corpo em nossa cama?

Me beijas com sofreguidão
Mas não sei se nos amamos
Ou a quem de nós dois será
Que a maldita solidão engana.

Estou seco!
Como um carvalho preto antigo,
Seco...

Nenhuma emoção
Se anuncia por aqui.
Nenhuma bela canção
A me fazer sorrir.

Ressaca, tristeza,
Tédio e solidão,
Quarteto da angústia;
Compondo uma ressaca infernal.

Até as lágrimas de sangue
Que brotaram de minhas órbitas
Esfriaram e secaram na fonte.
Nasceram, faleceram
Sem nenhum alarde.

E o frio
Que percorre cada artéria
Se faz tão sólido quanto
Qualquer inorgânica matéria.

Se propaga feito qualquer epidemia,
Uma peste a roubar qualquer
Sopro de autêntica vida.

Já não sei mais
De que terra sou rei!
Em que terra de desejo,
Sem desejar, me prostei?

Deixe-me a sós
A me curvar perante minha dor
No deserto das minhas mais
Lógicas e idiotas ilusões.

Talvez um dia encontre algum oasis
Ou algum ouro especial azul
Em minha tetra meditação vespertina...

Ou talvez não!
Nem sei nem to afim de saber!
Só quero em verdade verter
O olhar em minha própria,
Cinza e gélida, direção.

Um comentário:

  1. Não canso de ler esse texto...adoro a primeira estrofe por completa..Adoro poemas que iniciam com perguntas ou que sua produção devanei em dúvidas que acometem o ser.

    Senti densidade nas ideias e o trecho abaixo me fez refletir sobre a existência de questionamentos de outrora...

    "Mas não sei se nos amamos
    Ou a quem de nós dois será
    Que a maldita solidão engana"

    Bjo!

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