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Este é um espaço dedicado à exposição e divulgação de singelos poemas originários de um personagem fictício francês, inebriado de sonhos e embriagado com devaneios. O sobrenome de tal personagem é um trocadilho com a palavra "fantaisie" que significa devaneio em francês. Jacques é um aedo que teima em devanear por entre os não-lugares desse mundo, por sobre os valores há muito esquecidos e os sonhos que se encontram aturdidos nas malhas sócio-históricas nas quais nos encontramos. É um poeta de um mundo moderno que persiste em sua idealização idílica e fantasiosa, ora melancólica ora radiosa, sobre as intempéries do seu alucinante coração. Sem mais, espero que gostem, comentem, reclamem, sugiram e até corrijam alguns impropérios desse jovem velho cantor. Que o ar fantasiante de Jacques Fant'Aisier se faça presente a todos e que acima de tudo reine a esperança por entre a correria e pragmatismo do nosso real mundo humano. Abraços a todos os visitantes!!!

18 de set. de 2011

Em um não lugar...


Em um não lugar...

Em um não lugar
As horas custam a passar
Os segundos caem a conta-gotas...

Nos tornamos invisíveis
Passageiros errantes, indiferentes.
De tão comum, invisíveis,
Tristes transeuntes, impacientes.

Em um não lugar
Somos também indefinidos:
Lá não é possível conceituar
Somos mero limbo, esquecidos.

Por entre o solo frio
Dos fechados e abafados corredores,
Nos recostamos no vazio
Dos indistintos e inumeráveis senhores.

O tempo de lá - do não lugar -
É o das filas intermináveis,
É o do fluxo de pessoas incontáveis,
O horário inestimável, acidente, singular...

É a trama da vida
Que lhe dá sentido
E a necessidade aturdida
Que impõe seu próprio imperativo.

Nosso nome não importa
Mas talvez importe nosso desejo
Quando enfim se abre a porta
E em parcos instantes somos atendidos.

Nas horas vazias do não lugar
Podemos criar mais de mil teorias
Ou das preocupações cotidianas nos ocupar
Ou até nos contorcer em impropérios e agonias.

Teus olhos já não saem
Do meu embargado pensamento.
Eles me atiçam, me atraem
Nossos melhores momentos.

E percebo que também
É possível, de olhos semi-abertos, 
Devanear que estou alhures
Noutro lugar que não do não lugar.


Um comentário:

  1. Quando vc escreveu estava em algum tipo de fila?...Foi essa impressão que eu tive. Já escrevi durante filas que pareciam intermináveis..rs.
    Adorei o texto, me lembrou alguns estilos literários mais antigos..rs

    Bjo!

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