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Este é um espaço dedicado à exposição e divulgação de singelos poemas originários de um personagem fictício francês, inebriado de sonhos e embriagado com devaneios. O sobrenome de tal personagem é um trocadilho com a palavra "fantaisie" que significa devaneio em francês. Jacques é um aedo que teima em devanear por entre os não-lugares desse mundo, por sobre os valores há muito esquecidos e os sonhos que se encontram aturdidos nas malhas sócio-históricas nas quais nos encontramos. É um poeta de um mundo moderno que persiste em sua idealização idílica e fantasiosa, ora melancólica ora radiosa, sobre as intempéries do seu alucinante coração. Sem mais, espero que gostem, comentem, reclamem, sugiram e até corrijam alguns impropérios desse jovem velho cantor. Que o ar fantasiante de Jacques Fant'Aisier se faça presente a todos e que acima de tudo reine a esperança por entre a correria e pragmatismo do nosso real mundo humano. Abraços a todos os visitantes!!!

5 de set. de 2011

Antigo Fantasma


Antigo Fantasma

Em noites de solidão
Imerso na escuridão
Da minha alcova triste e fria...

Aparece subitamente em meu leito
Um sentimento pesaroso feito
Uma dor que outrora já sentia.

Como se um antigo fantasma
Trouxesse a mim uma crise de asma
Por me sentir tão só e sensível à dor.

Ele vem trazendo a melancolia
E a lembrança de que ela seria
Eternamente a companheira desse tetro cantor.

Por favor não me faças mais chorar 
Ficar tão desesperado por lembrar
Que sou tão fraco e covarde.

Me liberte dessa fria prisão
Diminua a dor que me invade o coração
Ao sentir medo do amor e não, alarde.

Perdoe-me juiz rígido e justo
Pois eu já paguei o custo
De ser um criminoso tão vil.

Tenho em minh'alma arrependimento
Já nem conheço mais o contentamento
E até a morte, a minha existência, já requeriu!

Me liberta dessa pesarosa culpa
De cometer um crime sem desculpa,
O crime bárbaro e inaceitável...

De nomear meu próprio peito
Do meu ódio mortal, o alvo eleito,
Por Ela ter me julgado um ser deplorável.

Ela se assustou comigo e cedo partiu
Deixando apenas o retrato da sua face em perfil
Condenando o silêncio, ao se calar,...

A ser o sinônimo da dor e indiferença,
A ser sombrio mensageiro da minha doença,
A ser quem me açoita por querer amar.

Não me tortures mais carrasco
Já sou tão deprimente que tenho asco
Da minha maldita existência.

Destruas meu ódio ao invés do coração,
Pois sofro insuportável maldição
De ter, do amor, somente eterna ausência.

Por que me trazes em tua visita
Essa tristeza tão silenciosa e infinita
Que aprisiona meu olhar ao nada?

Que os anjos intervenham em minha tortura
E tragam o calor, a cor, a cura
Da doença mortal que a minh'alma degrada.

E quando de novo, enfim, vier
Alguém que em seu olhar trouxer
O inefável lume do amor e do desejo...

Eu já esteja livre pra acompanhar
O seu belo riso e seu triste pesar
E não o medo do abandono
Ao sabor de teu beijo.

Que eu possa dar-lhe calor
E trazer proteção, força e cor
Quando ela se sentir triste e impotente.

Que ela possa me fazer,
Com sua ternura,
Afrouxar as defesas,
Esquecer minha desventura

Me devolver a força para não mais,
Do antigo fantasma receber novamente
O medo de vir a sofrer,de presente.

2 comentários:

  1. Nossa!!! Tão melancólico e belo que fazem os batimentos cardíacos diminuirem.

    Medo de amar é algo que acomete boa parte da população atual; penso que as pessoas desenvolveram medos após o romantismo com tanto amor platônico, os quais não correspondidos.
    Penso também que só deixamos o medo de amar, quando, simplesmente, nos lançamos na existência e corremos os "riscos", se assim quisermos encarar a subjetividade da vida.

    Viver de reticências (...) não nos faz ter muitas certezas, mas uma nunca deixaremos de ter, o: "e se..." (rsrsrs...)

    Bjo!

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