Caí!
Sozinho caí!
Fui ao chão, o da realidade,
Quando o alçapão ilusório
De meu mais carente desejo
Se me fez presente
A cobrar seu preço...
Sua aparente solidez
Evanesce ao constatar sua matéria.
Sua coesão vaporosa se desfez
Se firmando a solidão, a dor,
E a frieza insuportável da Sibéria.
Mas heis que alguém me surge
E facilmente me auxilia a levantar.
Será que era alguém real
Ou será um outrem projetado
Dos contatos introjetados
Que outrora tive?
Alguém...
Senhor em fantasia ou realidade,
Alucinação ou de carne e osso,
De verdade, alguém...
Que permeia até hoje os meus sonhos
Que se imiscui por entre vários nomes
E que assume perante mim
Morfologias diversas,
Desconhecidos sobrenomes.
Me estendeu sua mão
Rija, segura e firme,
Mãos de carpinteiro,
Que me suspendeu por inteiro
Do gélido e solitário chão.
E tive então meu corpo erguido,
Minh'alma aquecida.
O meu olhar fora vertido
Do chão ao inefável infinito.
E heis que me fora
Mais que me soerguer do chão,
Mais que companhia ao coração
Ou qualquer equipamento
Pra me aquecer do frio...
Fora transcender a dor
Da queda derradeira.
Fora preencher uma falta
Presente a vida inteira.
Encheu-me novamente
De esperança
Tal qual criança
Tateando a vida
Tateando a vida
Que se lhe apresenta.
Parafraseando a máxima sartreana
"O inferno são os outros!"
Digo-lhes que são também
Confusa e Paradoxalmente
Nosso potencial paraíso.
Ao nos ofertar
Nosso próprio lado oculto
Ao nos convidar
Para conhecer um novo mundo
Ao nos presentear
Com a humanidade
Que afugenta o vulto
Da constante, indesejável,
Desditosa e fria companhia
Da solidão...
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