Em um não lugar...
Em um não lugar
As horas custam a passar
Os segundos caem a conta-gotas...
Nos tornamos invisíveis
Passageiros errantes, indiferentes.
De tão comum, invisíveis,
Tristes transeuntes, impacientes.
Em um não lugar
Somos também indefinidos:
Lá não é possível conceituar
Somos mero limbo, esquecidos.
Por entre o solo frio
Dos fechados e abafados corredores,
Nos recostamos no vazio
Dos indistintos e inumeráveis senhores.
O tempo de lá - do não lugar -
É o das filas intermináveis,
É o do fluxo de pessoas incontáveis,
O horário inestimável, acidente, singular...
É a trama da vida
Que lhe dá sentido
E a necessidade aturdida
Que impõe seu próprio imperativo.
Nosso nome não importa
Mas talvez importe nosso desejo
Quando enfim se abre a porta
E em parcos instantes somos atendidos.
Nas horas vazias do não lugar
Podemos criar mais de mil teorias
Ou das preocupações cotidianas nos ocupar
Ou até nos contorcer em impropérios e agonias.
Teus olhos já não saem
Do meu embargado pensamento.
Eles me atiçam, me atraem
Nossos melhores momentos.
E percebo que também
É possível, de olhos semi-abertos,
Devanear que estou alhures
Noutro lugar que não do não lugar.
Quando vc escreveu estava em algum tipo de fila?...Foi essa impressão que eu tive. Já escrevi durante filas que pareciam intermináveis..rs.
ResponderExcluirAdorei o texto, me lembrou alguns estilos literários mais antigos..rs
Bjo!