Rangido de Engrenagem
Na minha atual oração
Não há nenhum verbo
Só há um rotineiro repetir
De cinzas e velhos ais...
Nessa poética canção
Não há melodia nem tom
Nem canto humano audível
Ou voz qualquer dissonante
São mudos os gemidos...
É só um rígido soar
De antigos ritos nauseantes
Mortais, automáticos, paralisantes
E que há muito perderam seu particular simbolismo.
E não cessam de se representar
Como um disco arranhado sem voz
Sem uma nota, uma cor, um dor sequer
Nenhum sonho que fosse, um leve frescor.
Há somente o gélido silêncio de mil catedrais.
Nessa minha oração sem sentido
Da esperança só há mera miragem
E no sutil ruminar pesaroso do tempo
Minha pena escreve em ação padrão
Um pós-moderno rangir rotineiro de engrenagem